O ritmo da sociedade contemporânea está privando muitas pessoas do sono que é fundamental para manter a saúde. Em busca de melhores salários, milhões de brasileiros hoje optam pelo trabalho noturno. Resultado – Segundo levantamento do ISMA (International Management Stress Association) no Brasil o stress atinge 70% da população.
Esta mudança de hábitos pode gerar um alto custo social para o país. Isso porque, um estudo feito no Instituto Penido Burnier pelo oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, demonstra que metade dos trabalhadores noturnos tem o dobro de risco de perder a visão e 40% distúrbios que afetam o desempenho.
Só para se ter uma idéia da gravidade do problema, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) no mundo problemas na visão respondem pela exclusão de 43 milhões de pessoas do mercado de trabalho.
Visão embaçada
O estudo acompanhou 617 trabalhadores noturnos. Desse total 247 pacientes, ou seja, 40% se queixaram de visão embaçada, ardência, olho seco e dificuldade de focar.
Foco no hormônio
A dificuldade de foco é conseqüência da maior produção de cortisol que enfraquece a musculatura ciliar responsável pela capacidade do cristalino focar e desfocar. Quanto mais avançada a idade, maior é o desconforto. Isso porque, comenta, é a perda de flexibilidade dessa musculatura que causa a presbiopia ou vista cansada após os 40 anos.
Queiroz Neto afirma que o embaçamento da visão, ardência e o olho seco são decorrentes do maior contato com agentes externos como poluição, vento e ar refrigerado que influem na produção lacrimal. Também podem estar relacionados à má iluminação, produção hormonal e para quem trabalha no computador ao fato de piscarmos 20 vezes menos quanto em frente ao monitor.
O tratamento adequado depende de avaliação médica para evitar complicações na córnea.
Riscos das alterações metabólicas
O estudo também demonstra que metade dos pacientes apresentou hipertensão, glicemia, sobrepeso e colesterol alto que dobram a chance do trabalhador noturno ter retinopatia diabética, catarata e degeneração macular.
De acordo com Queiroz Neto isso acontece por causa da exposição irregular do trabalhador noturno à luz e ao escuro que sincronizam a secreção de hormônios responsáveis por nossas funções biológicas no período de um dia.
Quem trabalha à noite, ressalta, pode ter uma redução significativa da produção de melatonina que só é secretada à noite e se estivermos em ambiente escuro.
Por ser um hormônio antioxidante duas vezes mais potente que a vitamina E, comenta, a melatonina protege os olhos das doenças decorrentes do envelhecimento.
A redução da melatonina é acompanhada pelo aumento do cortisol e adrenalina que mantêm o estado de vigília. O excesso de adrenalina, explica, aumenta os batimentos cardíacos e a pressão arterial. Já a maior produção de cortisol causa ganho de peso, glicemia e colesterol alto.
O especialista diz que os aumentos de peso e do colesterol dobram o risco de surgir a degeneração macular e a catarata, maiores causas de cegueira no mundo. Isso porque, o acúmulo de colesterol implica em alterações vasculares que ao longo do tempo causam sequelas na retina, além de impedir que vitaminas essenciais à integridade do cristalino cheguem aos olhos.
O aumento da glicose na corrente sanguínea, observa, predispõe ao diabetes que com o passar dos anos, se não for devidamente tratado, leva à retinopatia diabética, outra importante causa de cegueira no mundo.
O médico ressalta que é possível trabalhar à noite e ser saudável desde que o trabalhador tome alguns cuidados.
Fonte: LDC Comunicação