Para quem já passou dos 50 anos de idade, a dificuldade em realizar atividades como ler, escrever, dirigir e identificar os traços de um rosto pode ser indício de degeneração macular relacionada à idade (DMRI), principal causa da perda da acuidade visual nas faixas etárias mais avançadas. Atinge 8% dos indivíduos com mais de 50 anos, crescendo exponencialmente até acometer 2/3 das pessoas com 90 anos ou mais.
Nos Estados Unidos, cerca de 1,75 milhão de pessoas são portadoras de DMRI avançada, número que deverá chegar a 3 milhões em 2020. No Brasil, não há indicadores a respeito. Mas estima-se que o número de casos em todo o mundo deverá triplicar até 2025, já que a incidência aumenta com o envelhecimento da população.
A DMRI afeta a mácula, uma estrutura localizada no centro da retina e responsável pela visão central e de detalhes. A causa principal é o depósito, no fundo do olho, de drusas, um material acumulado pelas células a o longo dos anos, mas que nem sempre compromete a visão.
Fatores genéticos, étnicos (a incidência é maior em pessoas de pele e olhos claros), tabagismo, dieta pobre em vitaminas e antioxidantes, são alguns dos fatores de risco. Cerca de 90% dos portadores de DMRI possuem a chamada forma seca da doença (atrófica), mais amena e de progressão gradual ao longo dos anos. Embora não tenha cura, uma alimentação mais adequada e o abandono do cigarro ajudam a retardar sua evolução se o diagnóstico for feito precocemente.
Por isso, após os 50 anos é importante a realização anual do exame de fundo de olho com dilatação de pupila, que permite observar eventuais alterações na mácula.
Os outros 10% têm a DMRI na forma úmida (exsudativa), que se caracteriza pela perda aguda da visão, com formação de manchas no campo visual central. É uma progressão da forma seca, provocada pelo crescimento anormal de vasos sanguíneos na área macular, causando edema e hemorragia. O diagnóstico da DMRI úmida é feito pela avaliação oftalmológica e com exames como a retinografia fluorescente, que estuda a circulação no fundo de olho, e tomografia de coerência óptica, que permite identificar alterações no tecido com elevada resolução.
Utilizada pela primeira vez em 2005, a terapia antiangiogênica, ou antiVEGF (anti Fator de Crescimento Vascular Endotelial), revolucionou o tratamento da DMRI úmida. A droga bloqueia a função do VEGF, o fator de crescimento dos vasos sanguíneos. Ela é injetada no fundo do olho e age diretamente na área afetada, com procedimento realizado em centro cirúrgico, de forma totalmente segura e sem dor para o paciente. São três aplicações consecutivas, uma por mês, com possibilidade de repetir se a resposta ao tratamento for parcial.
Hoje, a terapia antiVEGF é considerada o tratamento de escolha para esses casos, apresentando resultados muitos superiores à terapia fotodinâmica (PDT), que usa uma substância chamada verteporfirina que é ativada pelo laser para fechar os vasos sanguíneos anormais.
Estudos científicos mostram que 25% a 45% dos pacientes submetidos à terapia antiangiogênica tiveram reversão na perda visual e mais de 90% apresentaram estabilidade.
Mesmo em sua forma mais grave, a DMRI não causa cegueira total. Mas pode ser altamente incapacitante, trazendo perda de qualidade de vida a uma parcela da população que quer viver mais e melhor. Assim, depois dos 50 anos, é importante estar de olhos bem abertos para o problema. Afinal, apesar da incidência crescente, a DMRI pode ser perfeitamente controlada com atenção aos fatores de risco, diagnóstico precoce e terapias cada vez mais eficazes.
Faça a autoavaliação da Mácula para DMRI
A forma de realizar a autoavaliação é através do uso da Tela de Amsler.
Colocar os óculos para perto, caso use.
Fechar o olho esquerdo com a palma da mão.
Olhar na tela com o olho direito, fixando o olhar no ponto central. Verificar se as linhas das grades estão tortas, se há manchas ou se falta uma parte da tela.
Repetir o teste tampando o olho direito e mantendo o esquerdo aberto.
Como será vista a tela por quem tem DMRI
Fonte: Colégio Brasileiro de Oftalmologia