Fumo e exposição a luz estão entre os principais fatores de risco que podem comprometer a saúde ocular.
Perder a visão causa diversos impactos, não só na vida de quem ficou parcial ou totalmente cego, como na rotina dos familiares, amigos e colegas de trabalho. Pesquisas mostram que o impacto é, inclusive, econômico. Porém o mais grave mesmo é passar pela fase em que a pessoa perde autonomia, passando a depender mais dos que estão à sua volta para realizar tarefas que antes eram automáticas.
As consequências, em muitos casos, envolvem perda de atividades sociais e profissionais – ou seja, de qualidade de vida. Por isso é tão importante que a população entenda o que pode levar à perda de visão, quer seja parcial ou total.
O médico oftalmologista Renato Neves listou sete principais fatores de risco para a saúde ocular. Confira:
1. Fumo: “É fundamental compreender que o cigarro impacta negativamente na saúde ocular. Está bem descrito em vários estudos. Quem fuma está muito mais predisposto a sofrer de problemas como uveítes, degeneração macular relacionada à idade (DMRI), síndrome do olho seco e catarata, por exemplo. Principalmente, o paciente diabético que fuma - ele tem risco aumentado para a degeneração da visão”.
2. Sol: “O uso de óculos de sol deve ser observado desde a primeira infância. Bebês são expostos involuntariamente ao sol durante passeios no carrinho – o que demanda um cuidado maior por parte de quem toma conta deles. Vale dizer que os efeitos nocivos dos raios UVA e UVB são cumulativos, tanto para a pele como para os olhos. Sendo assim, ninguém deveria sair de casa sem uma camada de protetor solar e óculos escuros".
A exposição exagerada aos raios solares pode causar, no mínimo, nove doenças oculares: câncer de pele, câncer da conjuntiva (membrana mucosa e transparente que reveste e protege o globo ocular), pinguécula (espessamento da conjuntiva), pterígio (fibrose da conjuntiva), ceratite (inflamação da córnea), catarata (opacificação do cristalino), degeneração do vítreo (responsável por manter a forma esférica do olho), retinopatia solar (queimadura da retina) e degeneração macular (deterioração da visão central).
3. Equipamentos eletrônicos: “A luz azul-violeta dos LEDs não cega, mas pode ser bem agressiva aos olhos e seus efeitos vêm sendo cada vez mais estudados. Ela está nos escritórios e escolas (luz espiral), nos aviões, nos dispositivos móveis que acessamos continuamente durante o dia e a noite. As crianças são as mais vulneráveis à emissão dessa luz, já que têm acesso a todos os dispositivos tecnológicos – tanto como diversão, quanto nos estudos. Como seus olhos estão ainda em desenvolvimento, eles não têm pigmentos que ajudam a filtrar uma parte dessa luz, o que prejudica a saúde ocular".
Porém, o oftalmologista alerta: adultos também estão correndo risco, especialmente aqueles que estão sempre conectados com todas as novidades tecnológicas. O primeiro problema para quem passa muitas horas por dia diante do computador ou do celular é uma redução significativa na produção de lágrimas. Com o tempo, a visão fica estressada. Ou seja, mesmo que temporariamente, a pessoa percebe imagens com pouca definição, meio sem foco e borradas, resultado da pouca lubrificação ocular. Além disso, episódios de dor de cabeça e enxaqueca podem se tornar mais frequentes. O ideal é limitar o uso e estipular uma pausa pelo menos duas horas antes de ir para a cama.
4. Dieta desequilibrada: “Grande parte dos brasileiros ingere açúcar demais, sal demais, gordura demais e frutas e legumes de menos. Para preservar a visão, é fundamental corrigir esses erros e passar a consumir mais saladas de folhas verde-escuro, mais frutas e vegetais amarelos e alaranjados, sementes e nozes, trocar a carne vermelha pelo peixe pelo menos uma ou duas vezes na semana, evitar comida processada ou cheia de conservantes. A ideia é aumentar a ingestão de vitaminas, minerais, proteínas saudáveis, ômega-3 e luteína, já que os alimentos antioxidantes oferecem grandes benefícios à saúde ocular, retardando doenças como catarata e degeneração macular”.
5. Quantidade de açúcar no sangue: “Pelo menos duas vezes ao ano as pessoas deveriam fazer um exame de sangue simples para verificar, por exemplo, os níveis de colesterol, triglicérides e glicemia (açúcar no sangue). Evitar o diabetes, mesmo para quem já conta com o fator hereditário, é fundamental na preservação da visão. A retinopatia diabética danifica os vasos sanguíneos dentro da retina. Quando o paciente não faz exames regularmente, a visão pode ficar seriamente comprometida. O exame de fundo de olho detecta pontos e vasos sanguíneos propensos a romper e desencadear hemorragia. É sempre melhor investir na prevenção do que correr atrás do prejuízo depois”.
6. Doenças oculares não tratadas: “Algumas doenças da visão precisam ser tratadas e acompanhadas desde o início por um oftalmologista, caso contrário podem resultar numa perda significativa de acuidade visual e até mesmo atingir o estágio de cegueira total, que é quando a pessoa não percebe nem variações de luz. São elas: degeneração macular relacionada à idade, glaucoma, relacionado à pressão ocular e catarata, que é uma das principais causas no mundo de cegueira reversível.
7. Acidentes: “As lesões nos olhos são consideradas a principal causa de perda de visão de um olho só (cegueira monocular). Além dos acidentes de trânsito, outras situações muito comuns aumentam as chances de danos irreparáveis. Sendo assim, é importante avaliar o tempo todo se as atividades praticadas não estão expondo a um risco desnecessário e tomar as devidas precauções".
Fonte: Folha Vitória