Assim como a maioria das partes do corpo humano, o nosso olho deveria parar de crescer quando atingimos a fase final da adolescência. Novas pesquisas, porém, indicam que o excesso de tempo olhando para telas vem fazendo com que nosso globo ocular siga crescendo e se alongando, fazendo com que condições como a miopia, que consiste na dificuldade em focar objetos distantes, se tornem muito mais frequentes do que, por exemplo, há 50 anos – de tal forma que oftalmologistas nos EUA já se referem à incidência hoje de miopia entre crianças como uma verdadeira epidemia.
Cálculos sugerem que atualmente passamos em média entre 7 a 9 horas por dia olhando de perto para telas, entre smartphones, tablets e computadores propriamente. Segundo reportagem do The Guardian, o problema não está somente na intensidade da luz próxima aos olhos, mas principalmente no esforço que a qual o globo acaba submetido: piscamos menos e tencionamos mais os músculos oculares com a tela próxima e por tanto tempo, e assim o nosso olho segue se alongando. O esforço constante dos músculos do olho pode causar astenopia, com o cansaço ocular podendo evoluir para situações de dor, ardência, cefaleias e mesmo náusea.
Se a situação já era grave, a pandemia da COVID-19 ampliou ainda mais nosso tempo de exposição diário às telas e, com isso, a astenopia e a miopia se tornaram praticamente efeitos colaterais indiretos dos home offices e períodos em casa que a pandemia impôs. Segundo consta, atualmente 40% da população dos EUA vive com miopia, em quadro que se amplia à metade da população adulta – em 1971, o número era de 25%. Uma pesquisa chinesa recente comprovou que o número de estudantes com entre 6 e 8 anos que apresentou quadro de miopia após o confinamento é três vezes maior quando comparado aos cinco anos anteriores.
Da mesma forma que a miopia consiste na dificuldade em ver o que está longe, a preocupação dos oftalmologistas com a “pandemia” de miopia mira o longo prazo, e o aumento na chance da condição provocada pelo alongamento contínuo do olho evoluir para quadros mais graves, como glaucoma, descolamento de retina e até cegueira. Reduzir o tempo de tela, sair ao ar livre e procurar um oftalmologista são medidas essenciais, mas se as horas seguidas diante do computador são inevitáveis, especialistas recomendam uma técnica apelidada de 20-20-20 para amenizar a situação: a cada 20 minutos, olhe a 20 pés de distância (equivalente a pouco mais de 6 metros) por 20 segundos – e não faça intervalos de uma tela para simplesmente migrar para outra.
Fonte: hypeness